quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Oi, meu nome é Paula e eu sou Croqueteira.

- Oi, meu nome é amantedoamor_rj e eu sou alcoólatra.

Imagem: Gil Elvgren
Essa deveria ser a real apresentação de quem participa de um A.A ou qualquer outro vicio seguido de "Anônimo". Se é Anônimo alguma coisa tem e não sou eu que vou ficar dizendo o meu nome. Vai que na verdade aquela reunião é uma pré seleção de uma possível abdução alienígena e por isso é algo escondido.
Mês passado eu fui a um desses encontros com a Regininha, minha prima. Ela era alcoólatra, e pelo menos nos bares do bairro onde mora ela não tem nada de anônima. Pelo contrário, ela é conhecida como Regininha Boa de Pinga. Pois bem, eu não entendo muito a finalidade da coisa:
- Boa tarde a todos, meu nome é José das Neves Miranda Araújo Neto e eu sou alcoólatra há 6 anos. durante esse tempo eu já perdi 2 filhos, 3 netos, uma esposa e recentemente eu quase perdi a minha vida. Estava indo....
- Paula, para de chorar. Regina me repreendeu
-
Como assim Regininha, como? O rapaz perdeu a família toda e ainda quis se matar. Ô meu Deus, ajude esse homem.
- Paula, é chato ficar chorando assim. Você precisa tirar lição disso tudo pra ver que a vida é linda e não precisa ficar bebendo. Regina, continuou a me repreender
- Interrompo o meu choro.
Regina, que isso? A bêbada aqui é você. Eu não faço isso.
- Não precisa ficar lembrando, Paula.

A líder da reunião percebendo nossa conversa paralela puxa a atenção da roda toda para nós duas. Ou melhor, para mim.

- E você?! Apresente-se
- Oi?! Respondo com uma pergunta e os olhos boiando em algumas lágrimas restante
-
Você, se apresente. Vejo que é nova aqui, não é?!
- Sem jeito com todas as atenções voltadas pra mim, olho pra Regininha procurando uma resposta. Olha, mil desculpas, viu. Eu realmente não queria chorar. Limpo minhas lágrimas. É que eu nunca presenciei isso e o rapaz contou essa história tão....
- Por favor, não se preocupe. Pode chorar, mas tire lição de cada história contada aqui, para que não se repita com você. Tenho certeza que todos aqui estão interessados em ouvi-la. Não tenha medo, não tenha vergonha. Pode falar, desabafe. A líder me interrompeu.- É que eu não sou bêbada. Dou uma risada sem graça. Bom, me chamo Paula e eu sou Croqueteira. Respondo tentando consertar a besteira anterior.
- Eu não entendi, senhora Paula. Pode se explicar?. Num tom um pouco ameaçador, a líder me indaga.
-
Senhorita, por favor. Então, eu sou croqueteira. Faço Croquetes. Na verdade eu sou viciada em fazer croquetes. Procurando mil respostas para tentar me explicar em vão.- Isso é algum tipo de piada, senhorita Paula?
- Não, querida, imagina. Eu realmente sou viciada em fazer croquete. Todo final de semana eu faço croquete. É sagrado, não é Regininha? Me enrolo cada vez mais e Regina não diz nada. Pois é.....

Vou levantando aos poucos, pego minhas coisas e vou saindo até me ver longe daquela roda constrangedora que eu acabei formando.
Vou confessar que na verdade eu não sou viciada em croquete. Isso é só a única coisa que eu sei fazer de melhor na vida, consequentemente me traz grandes problemas. Mas depois disso eu resolvi criar o C.A ( Croqueteiros Anônimos), se você é viciado em fazer croquete ou come-los e isso se torna um transtorno na sua vida, contate-me!

Um comentário:

  1. Adorei as imagens, o conteúdo, a descrição no perfil... Enfim, tudo!
    Uma proposta diferente e descontraída!

    ResponderExcluir